Brasil
A Mangueira do Jardim

- por Maria João Amado – texto e foto
Na Casa do Rio Vermelho existe um pomar de frutas, mas nem sempre foi assim. Quando Jorge e Zélia chegaram, nos anos 60, só havia sapotizeiros e formigas, muitas formigas. Aos poucos, com paciência, amor e formicida, eles fizeram brotar muitas árvores: pitangueiras, cajazeira, jaqueira, jambeiro e, claro, mangueiras.
Entre elas destacava-se a manga Carlotinha. Pequena, doce e atrevida, dessas que cabem inteiras na boca e deixam o suco escorrendo pelo canto. Era a predileta de Jorge, que a batizou de “peito de moça” por sua forma e tamanho. Sob sua sombra, no banquinho de azulejos, o casal se sentava para conversar, namorar e aproveitar a brisa do final da tarde, vendo o dia se despedir devagarinho.
Quando Jorge partiu, em 2001, atendemos seu desejo. Ele havia escrito em Navegação de Cabotagem: “Aqui neste recanto do jardim quero repousar em paz quando chegar a hora.” Assim foi feito. As cinzas do escritor ficaram ali, aos pés da mangueira. Em 2008, Zélia o reencontrou, e as cinzas dos dois se misturaram, como suas vidas. Dois azulejos simples marcam o lugar: nada fúnebre, apenas a lembrança de dois Encantados, dois amantes de volta ao seu jardim.
Mas o tempo, jardineiro caprichoso, trouxe uma praga em 2018. Quase todas as mangueiras de Salvador morreram, inclusive as nossas três: a Rosa, a Espada e a Carlota. Ficamos todos tristíssimos, mas o que fazer? Cortamos os galhos pendentes e seguimos a vida.
Um tempo depois, nasceu no alto do tronco um Iroko, Orixá forte, árvore sagrada. Pequeno e verdinho, se mostrava altivo e cheio de vida.
Mas o cupim também gosta do sabor da manga e, com gosto e voracidade, iniciou seu trabalho. O tronco começou a se desfazer, roído, perigoso. Tivemos de cortá-lo outra vez, agora bem baixinho. Plantamos orquídeas e bromélias sobre ele, tentando adiar o inevitável. Ainda assim, o tempo, paciente, venceu. O tronco virou quase pó, sustentado por barbantes e pela nossa teimosia.
Chamamos a EMBRAPA. Vieram com ciência e generosidade, estudaram a terra e trouxeram um presente: uma nova mangueira bebê. Dessa vez será uma manga Ubá, resistente, doce, arredondada. Diferente da Carlotinha, mas parecida o bastante para que a lembrança não se perca.
Dizem que ela é ótima para sucos, dessas que perfumam o ar e adoçam a vida. Não é enxertada, nasceu de semente. Vai crescer devagar, mas firme, sem medo da doença que levou as outras.
E é por isso que conto essa história, para convidar quem estiver em Salvador a vir plantar a nova mangueira aqui, na Casa do Rio Vermelho. Será no mesmo lugar, terça-feira, 21 de outubro, às 16h.
Um novo começo no velho jardim.
Porque, como diria Lulu Santos, “Nada do que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia… a vida vem em ondas, como o mar.”
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