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Livro: “O menino que sonhava com pão de queijo”

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em

  • Duda Tawil

Logo de cara, trata-se de um livro delicioso antes mesmo de abrirmos a primeira página, e na verdade já vem estampado no seu título! Em um maravilhoso ensaio sobre memória, sabor e escrita num mergulho em si mesmo, em “O Menino que Sonhava com Pão de Queijo” o mineiro Antônio Cançado de Araújo constrói um relato que, embora profundamente pessoal, fala a cada leitor. À primeira vista, o título parece simples, ingênuo, como de um livro destinado ao público infantil, mas logo se revela como a porta de entrada para uma reflexão maior sobre herança, resiliência e transmissão.

A base dessa narrativa é uma imagem sensorial: o pão de queijo. Mais do que a famosa iguaria típica de Minas Gerais, terra natal do escritor, ele surge como símbolo de continuidade, fio condutor entre passado e presente, projetando o futuro. O gesto da mãe, que anota a receita vinte anos antes do nascimento do filho, torna-se o ponto de partida de uma história que resiste ao tempo, atravessa a precariedade e se transforma em projeto de vida.

A força do livro está justamente nessa aposta do cotidiano. Não há feitos heróicos, batalhas grandiosas nem personagens épicos. Há, sim, uma receita, um pedaço de papel guardado, um cheiro de cozinha que evoca a infância. É dessa simplicidade que nasce a literatura de Antônio: do gesto íntimo que, narrado com sinceridade, adquire potência universal.

“Transformei uma receita de família em uma aventura de vida”, assim, em poucas palavras, sintetiza Antônio a sua obra, com a sua doçura e sua simplicidade características.

É pura memória afetiva a partir dessa deliciosa iguaria tão mineira que vem ganhando o mundo nos últimos anos: o pão de queijo, que, no livro, é metáfora e também matéria concreta. Ele representa tanto o vínculo entre a criança sonhadora e o adulto que se (re)constrói, quanto á capacidade de transformar ausência em criação.

Antônio, que foi se aventurar na Europa desde os seus jovens 20 anos, não se detém apenas nas dificuldades como a adaptação à uma nova cultura, o desemprego, os dias sombrios, a falta de perspectivas, mas mostra como delas pode nascer uma reinvenção. Nesse sentido, escrever é resistir. Contar-se é também salvar-se.

O que surpreende é como esse relato íntimo se abre ao coletivo. Cada leitor pode reconhecer ali o seu próprio “pão de queijo” ou em francês, a expressão “a sua madeleine de Proust”: uma lembrança, um sabor, uma música, uma imagem capaz de devolver um sentido à vida. O “eu” do autor se converte em “nós”, ecoando em todes que já tentaram se reconstruir a partir de uma memória afetiva do fundo de seu baú de vida.

A grande mensagem final de “O Menino que Sonhava com Pão de Queijo” é clara: não é preciso feitos extraordinários para que uma vida mereça ser narrada. Basta um gesto singelo, uma herança mínima, um fragmento de memória. É nesse território aparentemente humilde que se esconde a força da literatura a de transformar o íntimo em universal, a fragilidade em potência, a lembrança em futuro.

É lindo!

Falando agora de dias atuais, há altas novidades para esse “meninão”, que já estão a caminho no novo ano de 2026. Vamos a elas:

há muitos anos residente perto da cidade de Lyon, na França, com seu marido Thierry Chabanon e o filho adotivo de ambos, ele, após a assinatura do livro na Livraria Portuguesa e Brasileira, no Quartier Latin, em Paris, em setembro passado, na programação do Festival Cultural Semaine de la Madeleine dentro do Ano/Année França-Brésil, fará o lançamento de “O Menino que Sonhava com Pão de Queijo”, no Palais d’Exposition durante o Salão do Livro de Genebra, na Suíça, de 18 a 22 de março vindouro. Portanto, esse sensível autorretrato familiar entre a infância modesta no interior de Minas Gerais e a conquista da vida na Europa, profissional e pessoal, com páginas recheadas de memória, dignidade e resistência, começa a ganhar o Velho Continente.

Antes e depois de Genève, tem a Itália duas vezes: será neoacadêmico do NAISLA – Nucleo Accademico Italiano di Scienze, Lettere e Arti. Em Roma em breve, pois será em janeiro, e depois em Bolonha, em abril. Bravissimo!

E a última vem de sair do forno: ele acaba de receber um comunicado oficial da reitoria da prestigiosa Universidade Ortodoxa de Filosofia e Cultura, que vai lhe conceder a outorga do título honorífico de ‘Doutor Honoris Causa em Literatura Memorialista”. O comunicado, datado do dia 17 deste mês, então, há poucos dias, veio da parte do Conselho Superior Acadêmico da dita instituição, e assinado pelo magnífico reitor, Dr. Luiz Müller.

No decorrer de 2026, portanto, e dentro do calendário acadêmico, acontecerá a Sessão Solene de Investidura do nosso bem-amado “Monsieur Pão de Queijo” como Antônio é carinhosamente conhecido em toda a França. A cerimônia já tem data e local agendados: 14 de novembro do vindouro ano, em Madri. Olé, Antônio! Parabéns!

O excelente ex-prefeito de sua cidade natal, Bom Despacho, seu conterrâneo e amigo, o médico Bertolino da Costa Neto, também já lhe enviou as felicitações por essa conquista.

E que venham novos frutos para esse eterno menino sonhador e empreendedor. Ou seria “novas “fornadas”?

Huuuuummmmmmmmm…que delícia!

Foto: Antônio no jardim de sua casa, em Mogneneins, na região de Lyon, na França (Thierry Chabanon/divulgação)

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