Arte brasileira na Commanderie de Peyrassol, na Provence – França

• Duda Tawil, texto e foto, de Flassans-sur-Issole

Próxima dos desfiladeiros do Maciço dos Mouros, de um lado, e do outro o Mar Mediterrâneo, a Commanderie de Peyrassol, no sudeste francês, é uma perfeita combinação de uma propriedade privada que se complementa entre a atividade vinícola com a fabricação de vinhos da melhor qualidade AOP Côtes de Provence, e a paixão de seu proprietário, Philippe Austruy, pela arte contemporânea.

Dono de uma das maiores coleções do mundo, que engloba cerca de 150 obras espalhadas pela Commanderie, ele constituiu desde 2021 um verdadeiro museu ao ar livre, que vale a pena ser visitado durante um passeio maravilhoso e inesquecível, ou mesmo se hospedar in loco para melhor apreciar o seu acervo, a gastronomia local, e obviamente experimentar os seus vinhos, sobretudo os rosés, numa visita de degustação.

A Commanderie de Peyrassol fica no Departamento do Var, na lindíssina região da Provença, a apenas 3km do pitoresco vilarejo de Flassans-sur-Issole, tipicamente provençal. Ela está a 77km da estação de trem da SCNF (a empresa ferroviária estatal francesa) a partir da parada Aix-TGV. Em seguida, dessa “gare” ou estação, 1h15 de carro até a fantástica propriedade de 850 hectares, de vinhedos, cedros seculares, florestas, centro cultural, hospedaria, um spa, dois restaurantes, uma pequena fazenda e uma butique para a comercialização de vinhos e azeites de oliva também ali produzidos, e finos objetos artísticos.

Ela presta atualmente a sua homenagem ao Ano do Brasil na França de 2025: no contexto da Temporada-Saison France-Brésil, até 2 de novembro ali acontece a exposição do artista visual alagoano Jonathas de Andrade. É imperdível!

A mostra, cujo título L´art de ne pas être vorace (A Arte de Não Ser Voraz) foi inspirado na obra da jornalista, escritora romancista e poeta ucraniana Clarice Lispector (1920-1977), brasileira de coração e por adoção, e de sentimentos com os quais Jonathas se identifica, tem a curadoria de Mathilde Marchand.

Talentoso artista multidisciplinar, nascido em 1982 em Maceió, reconhecido mundialmente por ter participado da Bienal de Veneza, Jonathas navega com sua obra engajada nas preocupações políticas, sociais e ecológicas da nossa época.

Ali estão referências ao cotidiano do pescadores como sua obra emblemática filmada “O Peixe”, à luta pela sobrevivência, à fome, às injustiças climáticas, ao povo Kayapó e aos militantes do MST, por exemplo. São oito trabalhos ecléticos, de diferentes técnicas, a exemplo de fotografias, filmes, pinturas, esculturas e instalações de grande impacto visual e apelo psicológico, como sua musa inspiradora Clarice. Todas elas com explicações trilíngues em francês, inglês, e fato muito raro, em português.

Essa mostra temporária é uma parceria com a Galleria Continua, de Paris, a reputada galeria de arte contemporânea que está em dois bairros prestigiosos da capital francesa. Além disso, possui diversos espaços mundo afora, como em São Paulo, no Brasil, Cuba, Itália e China, e sempre presente nos eventos desses e outros grandes centros de arte contemporânea mundo afora.

A visita é guiada pelo jovem Cyril Vidau, diplomado em Artes Plásticas em Aix-en-Provence e com mestrado em Ciência da Arte em Marselha, encarregado da mediação com o público e da organização das obras no centro de arte da propriedade.

A responsável pela Comunicação é Elise Lavigne, que recebeu o grupo de jornalistas internacionais, membros da APE, sigla da Associação da Imprensa Estrangeira na França, baseados em Paris.

A entrada custa 13€ e mais informações: www.peyrassol.com e também www.galleriacontinua.com

Na foto:

“Fome de Resistência -Fundamento Kayapó Menkragnoti”, da série “Infindável Mapa da Fome”, 42 pinturas em tinta acrílica, de 2019-2020 (Galleria Continua), obra de Jonathas de Andrade que pode ser visitada na Commanderie de Peyrassol até 2 de novembro de 2025