Brasil
Primeira noite do Capão in Blues 2025 encanta público e reafirma potência cultural da Chapada Diamantina
Entre baixas temperaturas e muita energia, o festival internacional abriu sua segunda edição aquecendo o Vale do Capão
A segunda edição do festival internacional Capão in Blues começou no Vale do Capão com tudo o que faz a Chapada Diamantina ser palco de encontros únicos: energia coletiva, diversidade, música de qualidade e uma entrega contagiante do público. Na noite desta quinta-feira, 20, feriado da Consciência Negra, moradores e turistas de todas as regiões do país lotaram a praça da vila para vivenciar a abertura do festival.
Do primeiro acorde até o último aplauso, a vila foi tomada por uma vibração que misturava chuva, frio, expectativa e a sensação clara de que o Capão in Blues já transcende a ideia de festival: virou uma experiência, um ritual comunitário que abraça o território e celebra a música como força ancestral.
Quem inaugurou o palco em 2025 foi a multiartista chapadense Calu Manhães, ao lado do Candombá Blues Dab (CBD), revelando a identidade sonora do Vale com uma fusão entre raiz brasileira e blues. A vila respondeu de imediato: canto, dança, celulares levantados, abraços apertados. A abertura deu o tom do festival: local, potente e afetiva.
Calu explicou que mergulhou profundamente no repertório do blues especialmente para o festival. “Nunca tava muito dentro do blues, então eu mergulhei mesmo dentro desse universo. Recentemente tive até nos Estados Unidos, onde nasceu o blues… então trazer toda essa referência nesse dia, que é o dia da Consciência Negra, é uma honra também estar aqui representando isso”.
Em seguida, a norte-americana Alma Thomas, acompanhada pela pernambucana Uptown Band, trouxe ao Capão a força do blues contemporâneo, unindo energia cênica e técnica impecável. Sua interpretação intensa aqueceu o público, que seguiu firme e encantado diante de cada música. “Conheço o Giovanni e a Adriana há muito tempo… e também é a segunda vez no Capão in Blues. Então eu estou muito feliz, muito agradecida a Eric Asmar, que aposta no nosso trabalho. As músicas que eu vou cantar hoje são muito próximas ao meu coração. Canto na noite carioca há muito tempo e eu estou muito feliz de poder compartilhar isso com a galera do Vale do Capão”.
A Uptown Band também celebrou a estreia no festival. “Para a gente é uma honra, um prazer, estar tocando pela primeira vez aqui no Capão in Blues, trazendo um pouquinho do blues pernambucano”, disse a vocalista Adriana Papalelo.
O baterista e produtor, Giovanni Papaleo reforçou o carinho pela recepção no Vale. “É uma satisfação muito grande a gente estar aqui a convite do Eric, da produção do evento. Estar nesse evento maravilhoso, nessa terra fantástica. A gente vai levar muitas lembranças e uma vontade grande de voltar”.
O encerramento foi histórico: a lendária Rosa Marya Colin, prestes a completar 80 anos, arrebatou a noite com voz vigorosa e presença arrebatadora. Ao lado do gaitista Jefferson Gonçalves, ela entregou um show emocionante, daqueles que ficam guardados na memória sensorial: vibração, timbre, corpo e alma.
“Na primeira vez que eu conheci o Capão e também vim tocar, foi com o Eric Asmar, um dos curadores desse festival. O festival já está dando certo, uma mistura de música de qualidade, grupos, jazz, o Capão tem essa energia. Então é muito bom voltar, a gente vai voltar nas próximas também”, destacou Jefferson.
Rosa também celebrou o encontro. “Eu estou muito feliz de estar aqui no meio do Capão, fazendo um festival de blues, que é uma coisa que consideram elite, mas o blues tem a mesma origem do samba, veio lá da pobreza, lá dos lamentos. Eu estou muito feliz de estar aqui no meio dessa naturez. Hoje São Pedro abençoou com uma chuva linda, um show maravilhoso”.
Curadoria que expande fronteiras
O sentimento de expansão e pertencimento também esteve presente entre os idealizadores do Capão in Blues. O empresário Ildázio Tavares Jr. destacou o crescimento expressivo desde a concepção.
“É um projeto que, há três anos, foi iniciado, vendo e assistindo o projeto do Festival de Jazz aqui no Capão. De lá pra cá, mudamos muita coisa e iniciamos agora o segundo ano. Estou muito feliz por ter começado com duas mãos e hoje temos 300 mãos trabalhando. Não existe obra de um homem só. Ver o que está acontecendo, esse palco maravilhoso, tanta gente reunida, são exatamente 150 pessoas envolvidas entre artistas, técnicos, mídias sociais. Enquanto criador, sou muito feliz com isso e tenho certeza que vem o ano 3, 4, 5”, afirma.
O guitarrista, pesquisador e curador, Eric Assmar, um dos grandes nome do gênero no país, está vibrando com a estreia da segunda edição. A potência da primeira noite reflete o conceito que orienta todo o festival. “O Vale do Capão estava já há alguns dias sem chover, então acabou que tivemos um período bem chuvoso do fim da tarde em diante. Mas mesmo com essa chuva, o pessoal não deixou de comparecer e, mais do que isso, interagiu muito com os shows. Do primeiro momento do show da Calu Manhãs com a banda CBD até o último acorde do show da Rosa Maria Collin com Jefferson Gonçalves a gente tinha ainda muita gente curtindo e muita gente receptiva. O blues de Rosa Maria Collin no encerramento foi um momento emocionante para todo mundo. A gente via nos olhares das pessoas a emoção de estar contemplando aquela performance estarem contemplando aquela performance maravilhosa dessa mulher que em plena noite da consciência negra. Traz consigo a ancestralidade, a força da mulher negra, mas isso tudo com muita leveza, com muita autenticidade”, destacou Assmar.
Cultura, território e futuro caminhando juntos
Com programação gratuita e integrada à paisagem da Chapada Diamantina, o Capão in Blues cresce 50% em relação ao primeiro ano, resultado do esforço de um festival que movimenta a economia criativa, fortalece fornecedores locais, incentiva o turismo sustentável e posiciona o Vale como um polo cultural em expansão.
A edição 2025 conta com apoio institucional da Dax Oil, que atua há 24 anos no Polo Industrial de Camaçari e desenvolve projetos em educação, tecnologia, gestão ambiental e inclusão social. A parceria reforça o compromisso do festival com práticas sustentáveis e impacto social positivo.
O festival Capão in Blues é realizado pelo Grupo A TARDE, A TARDE FM e Viramundo Produções, com produção executiva da Trevo Produções, apoio da Prefeitura de Palmeiras e da Secretaria de Turismo da Bahia, e patrocínio da Dax Oil e do Governo da Bahia por meio do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.