Mesa de Axé consolida temporada em São Paulo celebrando a força e a história da música baiana

Idealizado por Jonga Cunha, o projeto transforma as noites de sexta em um ponto de encontro entre artistas e público, unindo música e celebração da cultura baiana.

A energia contagiante da Bahia vem movimentando as noites paulistanas. Sucesso de público e crítica, o Mesa de Axé conquistou seu espaço na cena musical de São Paulo e se tornou uma das experiências mais autênticas de celebração da música brasileira. Criado pelo músico e produtor Jonga Cunha, um dos grandes nomes da história da Axé Music, o projeto acontece todas as sextas-feiras, a partir das 19h, no Aragon, no Itaim, em parceria com Nagib Dahia, Gis Oliveira e Marcelo Scafuro. A proposta é simples e poderosa: transformar a mesa, símbolo de convivência e partilha, em um palco para encontros musicais repletos de emoção, ritmo e identidade. Com apresentações previstas em diferentes espaços de São Paulo e expansão para outras capitais, o formato aproxima artistas e público em torno de uma experiência calorosa e afetiva.

Em um ambiente acolhedor, o público se reúne em volta de uma grande mesa que se transforma, naturalmente, em um palco de celebração coletiva. É ali que o axé se renova entre copos, risadas e instrumentos, revelando sua essência popular, democrática e vibrante. “O axé não foi apenas um gênero musical. Foi um movimento sociocultural que mudou o país. Ele nasceu nas ruas, nos guetos, nas praias, e levou o jeito baiano de festejar para o mundo. O Mesa de Axé é a continuidade dessa história: um espaço para viver o axé de forma próxima, humana e verdadeira”, destaca Jonga.

Celebração, pertencimento e resistência

Mais do que um evento, o Mesa de Axé se consolida como um movimento de celebração da identidade baiana. A cada sexta, o público vive um mergulho na sonoridade que marcou gerações e continua ecoando como símbolo de alegria e resistência. “Salvador é a cidade fora da África com a maior população negra do mundo. Essa negritude pulsa na nossa música, no nosso modo de dançar, de celebrar e de viver. É isso que queremos levar para cada mesa, para cada encontro”, afirma Jonga Cunha. O repertório reúne clássicos de quatro décadas da Axé Music, com sucessos de Timbalada, Banda Eva, Cheiro de Amor, Chiclete com Banana, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Luiz Caldas e tantos outros artistas que ajudaram a escrever a história da música baiana.

Axé Music: o ontem e o agora

Durante os anos 1990, o axé foi protagonista de uma revolução musical que colocou a Bahia no centro do mapa cultural do Brasil. “Era uma explosão de criatividade. A música baiana misturava samba, ijexá, funk, galope e tudo o que vinha da rua. Foi um tempo de invenção e de liberdade”, relembra o produtor. Hoje, Jonga enxerga a nova fase do gênero como um momento de maturidade e reinvenção. “O axé aprendeu a se renovar. Ganhou novas vozes, novas plataformas e novas linguagens. A mesa é mais uma dessas formas de expressão, espontânea, coletiva e cheia de vida”, resume.

Jonga Cunha: tradição e inovação em movimento

Com mais de quatro décadas de trajetória, Jonga Cunha é referência quando o assunto é música e cultura baiana. Fundador da Banda EVA e autor do livro Por Trás dos Tambores, já trabalhou com nomes como Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Luiz Caldas, Durval Lélys e Saulo Fernandes. Também integrou o Alavontê, origem do atual MUDEIdeNOME, grupo que mantém viva a alma criativa do axé.

Além disso, Jonga é idealizador do Ópera-B, espetáculo multimídia que mistura música ao vivo, tecnologia e interação com artistas convidados por meio de painéis de LED. Com passagens por projetos como o FELPO, o O.B.A! e a Lavagem da Rua 46, em Nova York, o artista reafirma sua vocação para criar pontes entre tradição e contemporaneidade. “Hoje vemos o surgimento do pagotrap, do BaianaSystem e de tantas expressões que mostram como o axé se expandiu. Tudo isso é pós-axé, é Bahia em movimento. Essa força criativa não acaba, ela se reinventa”, conclui.

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